As horas ficaram vazias, enquanto uma angústia que nos dilacera e um desespero que mina as nossas energias se fazem constantes nos nossos momentos de demorada agonia.
Estiveram ao nosso lado como bênçãos de Deus, clareando o nosso mundo de alegrias com as luzes de suas presenças e não pensávamos, não nos permitíamos acreditar na possibilidade de que eles pudessem nos preceder na viagem de retorno.
Cessados os primeiros instantes do impacto que a realidade nos impõe, relembramos as horas de alegria enquanto as lágrimas correm incessantes, sem confortar-nos, como se carregassem ácido que nos queima a face, mas não diminuindo a ardência da saudade...
Ante essa situação, o futuro nos desdobra sombrio, ameaçador, e interrogamos como será possível prosseguir sem eles.
O nosso coração bate destroçado e a nossa dor moral se transforma em punhalada física, como a lâmina a revolver a ferida.
Tememos não suportar tão cruel sofrimento. Conseguiremos, porém, superá-lo.
Muito justas, sim, nossas saudades e sofrimentos.
Não, porém, a ponto de levar-nos ao desequilíbrio, à morte da esperança, à revolta...
Os seres a quem amamos e que morreram, não se consumiram, não acabaram. Eles sobreviveram.
A vida seria uma farsa, se terminasse ante o sopro desagregador da morte que passa.
A vida se manifesta, se desenvolve em infinitos matizes e incontáveis expressões. A forma se modifica e se estrutura, se agrega e se decompõe passando de uma para outra expressão vibratória sem que a energia que a vitaliza dependa das circunstâncias transitórias em que se exterioriza.
Não estão, portanto, mortos, no sentido de destruídos, os que transitaram ao nosso lado e se transferiram de domicílio.
Prosseguem vivendo aqueles a quem amamos. Aguardemos um pouco, orando. A prece nos clareia a alma e os envolvem no rumo por onde seguem.
Não nos debilitemos mentalmente com altas doses de mágoas, com interrogações impressionantes, passando-lhes fortes aflições.
Esforcemo-nos por encontrar a resignação.
O amor vence, quando verdadeiro, qualquer distância e é ponte entre abismos, encurtando caminhos.
Da mesma forma que desejamos voltar a sentí-los, a falar-lhes, a ouvir-lhes, eles também assim o desejam.
Necessitam, porém, evoluir, tanto quanto nós mesmos.
Se nos prendemos a eles demoradamente ou os encarceramos no egoísmo, desejando continuar uma etapa que ora se encerrou, não os ajudaremos, porque estarão na retaguarda.
Libertando-os, eles prosseguirão conosco, nos prepararão o reencontro, e nos aguardarão.
Façamo-nos dignos deles, da sua confiança, e cheios de amor enriqueçamos outras vidas em memória deles, por afeição a eles.
Não pensemos mais em termos de "adeus", e sim, em expressões de "até logo mais".
Todos os homens na Terra são chamados a esse testemunho, o da temporária despedida. Consideremos portanto, a imperiosa necessidade de pensar nessa reflexão sobre a morte, com que nos armará, desde já, para o retorno, ou para enfrentarmos em paz a partida dos nossos amores...
Quanto àqueles que vimos partir, de quem sofremos saudades infinitas e impreenchíveis vazios no sentimento, vamos entregá-los a Deus, confiando-os e confiando-nos ao Pai, na certeza de que, se soubermos abrir a alma para a esperança e a fé, conseguiremos sentí-los, ouví-los, deles haurindo a confortadora energia com que nos fortaleceremos até ao instante da união sem dor, sem sombra, sem separação pelos caminhos do tempo sem fim, no amanhã venturoso.
Texto de Joanna de Ângelis (Espírito)- Psicografado por Divaldo P. Franco
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Hoje, um ano e três meses sem a minha Thais... Que Deus te proteja, minha filha!
Saudades... te amo, meu anjo de luz!